A Fetaemg recebeu em sua sede em Belo Horizonte, no dia 28 de fevereiro, representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra, e da Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG, para dar continuidade às tratativas para a realização do curso superior em Direito viabilizado pelo Pronera, que será ofertado para quilombolas e assentados da reforma agrária e crédito fundiário.
Durante o encontro, o presidente da Fetaemg, Vilson Luiz da Silva, falou sobre a importância da reforma agrária e lamentou o fato do governo não dar o devido apoio aos trabalhadores rurais para que o projeto continue. Para ele, também não há interesse por parte do poder público em promover a educação do campo pois trabalhadores instruídos são mais fortes.
O presidente garantiu que a Fetaemg tem muito interesse que o curso superior aconteça e que há grandes expectativas em relação ao seu poder de transformação da realidade campesina. “Com este projeto daremos mais dignidade aos trabalhadores e o governo não quer isso. É um governo que quer privatizar tudo e fazer com que todos nós paguemos para ter acesso à educação de qualidade. Isso é muito revoltante. Queremos um Brasil para todos, por isso a Fetaemg vai defender a educação do campo. Nós, agricultores familiares, alimentamos o país e a educação tira a todos da escuridão. Só com conhecimento poderemos avançar mais e seguir combativos na luta por mais direitos e igualdade para a população rural. ” Defendeu o presidente.
A diretora de política agrária da Fetaemg, Alícia Cardoso, acrescenta que ofertar um curso de Direito a agricultores é uma forma de romper barreiras e preconceitos antigos. “Por que um rural não pode ser também um advogado? Todos devem ter os mesmos direitos. Que cada comunidade rural consiga formar um advogado e que este possa atuar para defender os interesses da nossa classe.” Afirmou a diretora.
As reuniões para a realização do curso começaram a cerca de um ano, quando a Fetaemg procurou a UEMG para propor a parceria. De lá para cá, foram realizados vários encontros onde a Fetaemg sempre defendeu o acesso dos rurais à educação superior, onde fossem respeitadas as especificidades do homem e da mulher do campo. A previsão é de que o curso, que será realizado em Diamantina, tenha início ainda em 2018.
A graduação será ofertada no método pedagogia de alternância, onde os estudos são divididos em dois tempos: Tempo Escola e Tempo Comunidade. No primeiro, o aluno passa por uma formação intensiva e presencial no ambiente acadêmico. Já na comunidade, o aluno fortalece seus vínculos com sua terra de origem e pode analisar sua comunidade rural de maneira mais crítica, avaliando possíveis estratégias de melhorias locais com base nos conhecimentos adquiridos na universidade.
Sobre o PRONERA: O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária – PRONERA, foi criado em 1998, a partir da mobilização de movimentos sociais e sindicais do campo. Este programa tem como principal proposta alfabetizar e elevar o nível de escolaridade de jovens e adultos de projetos de assentamentos nas áreas de reforma agrária.