Minas Gerais foi uma das maiores delegações presentes à 5ª Marcha das Margaridas, evento que reuniu 70 mil mulheres na cidade de Brasília entre os dias 11 e 12 de agosto. Com o lema “Margaridas seguem em marcha por desenvolvimento sustentável com democracia, justiça, autonomia, igualdade e liberdade”, quase 3 mil trabalhadoras rurais, extrativistas, indígenas, quilombolas mineiras tomaram as ruas da capital federal para dialogar com o governo federal sobre suas reivindicações.
De acordo a coordenadora da Comissão Estadual de Mulheres Trabalhadoras Rurais (CEMTR), Alaíde Bagetto, a Fetaemg, por meio da Comissão Estadual das Trabalhadoras Rurais, ao mobilizar essa quantidade expressiva de mulheres trabalhadoras rurais o estado mostra a organização das trabalhadores na luta pela melhoria da qualidade de vida no meio rural. “Foi uma grande mobilização, para mostrar realmente que nós queremos mesmo é mulher na política, é mostrar que a mulher pode ocupar o lugar que é dela de fato mesmo”, afirma.
Considerada a maior mobilização da América Latina protagonizada pelas mulheres do campo, escolha do nome Marcha das Margaridas e da data é uma homenagem à Margarida Maria Alves, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba. Ela foi assassinada em 12 de agosto de 1983, a mando de latifundiários da região. Por mais de dez anos à frente do sindicato, Margarida lutou pelo fim da violência no campo, por direitos trabalhistas como respeito aos horários de trabalho, carteira assinada, 13º salário, férias remuneradas. Margarida dizia que “É melhor morrer na luta do que morrer de fome.”
Para o presidente da Fetaemg, Vilson Luiz da Silva, é importante lembrar sempre da grande participação feminina nas lutas do MSTTR e reforçar como são significativos os resultados obtidos pelas mulheres envolvidas no trabalho sindical. “A Marcha das Margaridas vem mostrar que com organização as mulheres do campo estão sendo capazes de escrever a sua própria história ao participar de decisões políticas de seu município ou de sua região. Hoje a participação das mulheres dentro do Movimento Sindical do Campo se iguala à participação dos homens. Estamos conseguindo despertar o interesse dessas trabalhadoras para questões políticas elevando a sua autoestima e o seu poder de organização”, ressalta o presidente.
Temas presentes
Marcha das Margaridas iniciou, por volta das 8h30, caminhada em direção à Esplanada dos Ministérios. A mobilização das trabalhadoras rurais saiu do Estádio Nacional Mané Garrincha seguiu até o Congresso Nacional, em um percurso de cerca de 5 km.
Além de reivindicações históricas como agilidade na reforma agrária e igualdade de direitos, as manifestantes também pedem reforma política.
O evento é realizado a cada quatro anos em Brasília. O ato reúne manifestantes de todo o país. Na pauta também estão o combate à pobreza, o enfrentamento à violência contra as mulheres, a defesa da soberania alimentar e nutricional e a construção de uma sociedade sem preconceitos, sem homofobia e sem intolerância religiosa.
Compromissos da presidente Dilma Rousseff
Depois de cumprimentar as margaridas do norte, nordeste, sul, sudeste e centro-oeste, a presidenta Dilma Rousseff, iniciou sua fala, destacando a decisão firme das mulheres em lutar por democracia, contra a violência e por dignidade.
Em seguida trouxe as respostas concretas da pauta de reivindicações da 5ª Marcha das Margaridas, onde destacou:
• Compromisso com efetivação das patrulhas rurais Maria da Penha também na área rural;
• Ampliação dos serviços especializados de enfrentamento a violência contra as mulheres, onde fez menção a construção de pacto federativo;
• 1200 creches no campo para o meio rural;
• Assinatura do Decreto do Crédito Fundiário
• 100 mil cisternas para alimentar os quintais produtivos;
• 109 Unidades odontológicas para campo, sendo 7 para as comunidades indígenas;
• No enfrentamento a morte materna no meio rural, a presidenta afirmou que irá realizar a capacitação de mais 200 parteiras. Conjuntamente a capacitação, o governo ainda irá distribuir kit com roupa especial para atendimento pós parto;
• Dilma ainda prometeu combater mais fortemente a violência contra mulher, entre outros compromissos com a agenda de luta das mulheres que protagonizaram a 5ª Marcha das
Margaridas.