Covardia como antagonismo da luta

9 anos atrás

A batalha das mulheres neste país, principalmente as lutas que são travadas no meio rural, enfrentam cada vez mais a violência como forma de tentativa de silêncio. E, infelizmente, os números de representantes assassinadas demonstram o quanto o Brasil ainda é frágil para garantir às mulheres seus direitos constitucionais de representação.

Encontrada morta, na lama, na cidade de Miranda do Norte, no Maranhão, a sindicalista Francisca das Chagas Silva era dirigente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município. Seu corpo estava nu com sinais de estupro, estrangulamento e perfurações.

A brutal violência sofrida por Francisca, que deixa marcas profundas nas companheiras de todo o país, só mostra simbolicamente como a mulher ainda é tratada quando busca mudar conceitos que são benéficos para si e suas iguais. À exemplo de Margarida Alves, símbolo máximo desta luta.

“É lamentável ver, em pleno século XXI, a forma que continuam tratando nossas margaridas. Não podemos permitir essa barbárie com nossas mulheres”, diz o presidente da Fetaemg, Vilson Luiz da Silva. A entidade, uma das mais representativas e participantes do país, sempre teve a luta da mulher por seus direitos como uma premissa importante.

Sentimento compartilhado pela coordenadora da Comissão Estadual de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Fetaemg, Alaíde Bagetto. “É mais uma margarida tombada. A Marcha das Margaridas tem, como sua principal bandeira, o fim da violência contra as mulheres. E uma companheira sindicalista ser eliminada desta forma é uma afronta a nossa luta. A grande mídia não divulgou por ser uma mulher negra e sindicalista rural. A nossa marcha tem que continuar firme até que a violência contra a mulher seja banida da nossa sociedade”, complementa.

O número de assassinatos de lideranças camponesas, sindicais, indígenas e trabalhadores rurais vem aumentando todos os anos. A Fetaemg rechaça este tipo de acontecimento e espera que as autoridades tomem providencias para garantir que criminosos deste porte não saiam impunes.