Informativo Fetaemg: Como foi o ano de 2011 para a Fetaemg?
Vilson: 2011 foi o ano de importantes mobilizações de massa, como o Grito da Terra Brasil e a Marcha das Margaridas. Em todas essas mobilizações a Fetaemg esteve presente como uma das maiores delegações do país. Cumprimos com as nossas determinações do Congresso de 2010, criando maior aproximação com as nossas bases. Realizamos cursos de capacitação, encontros, seminários, enfim, importantes eventos com o objetivo de sanar deficiências e qualificar os nossos Sindicatos. Continuamos firmes com as nossas intervenções junto aos governos defendendo os interesses de nossa categoria, inclusive no Plano Plurianual de Ação Governamental, o PPAG, e no Programa Mineiro de Desenvolvimento Integrado, o PMDI. Muitas das emendas apresentadas pela Fetaemg foram contempladas nesses programas. A realização da AgriMinas, mais uma vez foi um avanço, especialmente em 2011, quando conseguimos superar a participação de empreendimentos de agricultores e o número de visitantes, que foi 30% a mais que na edição de 2010. Destaco ainda, como uma importante ação da Fetaemg e Sindicatos a execução do Programa de Habitação Rural que beneficiou cerca de 200 famílias no Estado. Apesar de não ter sido um ano de grandes realizações, considero que no dia a dia, com nossas intervenções tivemos resultados satisfatórios.
Informativo Fetaemg: Como o senhor citou, o Programa de Habitação Rural foi um salto importante dado pela Fetaemg e Sindicatos em 2011, principalmente depois da mudança das regras. Como foi isso?
Vilson: No início tivemos muitas dificuldades. O excesso de burocracia e a escassez de recursos eram desafios significativos. Com nossas intervenções junto ao governo, conseguimos ampliar os recursos para construção das casas, de 12 mil para 25 mil reais, por beneficiário. Acredito que agora os Sindicatos se sintam mais motivados em executar o Programa nos municípios, já que a insuficiência dos recursos era um grande dificultador. Além disso, estamos com uma equipe maior e mais qualificada para dar suporte aos STRs. Ressalto a importância do apoio das Prefeituras Municipais para que possamos dar passos mais largos, beneficiando assim um número maior de famílias.
Informativo Fetaemg: Houve algum grande desafio em 2011?
Vilson: Na verdade, desafios enfrentamos todos os dias. A diferença é que alguns são fáceis de superar, outros dependem de maior mobilização e estratégia. Em todos os momentos mantivemos o nosso compromisso com a categoria. Talvez em 2011 o grande foco tenha sido trabalhar a organização dos nossos Sindicatos, mantendo-os fortes diante de estruturas paralelas que pregam a divisão da categoria sem se preocupar com o seu enfraquecimento, trazendo assim prejuízos à categoria.
Informativo Fetaemg: Então a Fetaemg tem focado suas ações na qualificação dos STRs visando a prestação de bons serviços aos seus associados, além de garantir a unicidade sindical.
Vilson: Sim. Estamos sempre realizando cursos de capacitação, seminários, encontros para levarmos o conhecimento até nossas bases. Entendo que dessa forma estaremos preparados e organizados para representar a nossa categoria, e ao mesmo tempo não deixar margem para que estruturas paralelas nos enfraqueçam.
Informativo Fetaemg: O Grito da Terra Brasil e a Marcha das Margaridas foram acontecimentos importantes em 2011. O senhor acredita que essas mobilizações de massa são os melhores caminhos para conquistas junto aos governos, ou é preciso rever as estratégias de luta do Movimento?
Vilson: São sim importantes mecanismos de luta, mas precisamos ter intervenções mais constantes. Não podemos ficar esperando apenas pelo Grito e pela Marcha das Margaridas para fazermos nossas reivindicações junto aos governos.
Informativo Fetaemg: Vamos falar agora sobre o governo da presidente da República, Dilma Roussef. Durante a sua campanha o Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais não escondeu o apoio à sua candidatura. Pelo contrário, foi às ruas e levantou a bandeira de Dilma para presidente do Brasil. Na sua avaliação o governo tem correspondido às expectativas do MSTTR?
Vilson: Fica aí uma boa pergunta para todos nós. Entendo que o governo tem deixado a desejar. A reforma agrária não está na sua pauta de prioridade de ações, como foi colocado durante a campanha. Estamos preocupados, porque aproximadamente 12% das terras brasileiras estão sendo vendidas para estrangeiros e isso enfraquece ainda mais a reforma agrária no país. Recentemente o governo assumiu uma postura que também nos preocupa. Assinou um termo de cooperação técnica com a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária autorizando as entidades patronais rurais a fazerem o cadastro e a declaração anual de atividade dos segurados especiais junto à Previdência Social. A Contag, que representa cerca de 15 milhões de trabalhadores e trabalhadoras rurais de todo o país, juntamente com suas 27 Federações repudiam a postura do governo. O cadastro dos segurados especiais e a declaração anual de atividade rural é uma conquista nossa, do Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais. Ao assinar o termo de cooperação com a CNA, o governo contraria o texto do artigo 106, inciso III da Lei 8.213 de 1991 que estabelece que a comprovação da atividade rural seja feita por meio de Declaração de Sindicato que represente o trabalhador rural.
Informativo Fetaemg: Para fechar a nossa entrevista, o que podemos esperar para 2012?
Vilson: Muita disposição para o trabalho, sem dúvida. Grandes ações com foco, especialmente, nas deficiências que apresentamos em 2011. Uma de nossas metas continua sendo a capacitação e organização dos nossos Sindicatos. Pretendemos continuar com a parceria do Senar e firmar novas parcerias para executarmos importantes projetos visando a qualificação de dirigentes e funcionários dos STRs. Precisamos também fazer com que os dirigentes entendam a importância das nossas intervenções junto ao poder público. E um dos desafios continua sendo a cada ano inovar na realização da AgriMinas. Vamos para a sétima edição e o nosso compromisso é fazer com que ela seja melhor que a 6ª edição. Não podemos nos esquecer também que 2012 é o ano das eleições municipais. Vamos trabalhar para preparar as nossas bases para eleger candidatos do MSTTR, representando assim a categoria dentro do parlamento municipal.