A presença massiva dos movimentos sociais na Câmara dos Deputados no dia de ontem foi decisiva para que a votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) pelo fim do trabalho escravo aconteça nessa quarta (9 de maio). Durante todo o dia, trabalhadores rurais e artistas fizeram manifestações de apoio à PEC. Os líderes das bancadas assumiram o compromisso de votar a proposta mediante acordo com o presidente da casa, Marcos Maia (PT), porque uma emenda constitucional precisa de no mínimo 308 votos para ser aprovada e os líderes do PP, DEM, PP, PSD e PMDB não puderam garantir a presença de suas respectivas bancadas. Na verdade, a oposição está propondo votar a PEC, mas em troca de mudanças no texto quando ele voltar para o Senado (alegam ser impreciso o conceito de trabalho degradante e exaustivo). Se não houver quórum suficiente, a votação pode ser novamente adiada.
Sobre o adiamento da votação para hoje William Clementino, secretário de Política Agrária da CONTAG mantém-se otimista: “Se é para que seja aprovada, em acordo comum entre os líderes, esse adiamento é importante. Temos agora o desafio de estar vigilantes na tramitação da PEC no segundo turno no Senado, para que ela seja aprovada sem alteração de uma vírgula sequer. Os movimentos sociais e a CONTAG estarão vigilantes para que possamos construir em conjunto com o Congresso Nacional a melhor alternativa possível, sem desvirtuar, sem conturbar o conceito de trabalho escravo”.
Para Antonio Lucas, secretário de Assalariados e Assalariadas Rurais, a mobilização dos movimentos sociais valeu a pena: “Se não houver acordo com as lideranças não há sentido em colocarmos a PEC para votar. Garantimos que os líderes se comprometessem a pautar a proposta para votação, mas amanhã (dia 9) precisamos ainda conversar com muitos deputados. O grande desafio agora é o de nos mantermos mobilizados, visitando os gabinetes e as lideranças dos partidos e distribuindo nosso material para garantir essa votação”.
Fonte: Imprensa Contag – Maria do Carmo de Andrade Lima