A luta no Campo, a pauta trabalhista, desafios, educação, mulheres e juventude foram alguns dos temas que preencheram as páginas do caderno de teses e fomentaram a intervenção de delegados e lideranças sindicais, na tarde desta sexta-feira (23), segundo dia do 3º Congresso Nacional da CTB.
Campo e cidade juntos
O 3º Congresso da CTB contou com a participação expressiva dos trabalhadores e trabalhadoras rurais assalariados e agricultores, que compareceram em massa para defender as políticas necessárias para melhorar a qualidade de vida e para garantir a produção agrícola que alimenta o povo brasileiro.
Em uníssono, líderanças rurais apresentaram ao debate a questão da Reforma Agrária e a crítica ao governo de Dilma Rousseff, que não avançou na discussão do tema.
Sérgio de Miranda, secretário de Política Agrícola e Agrária da CTB, e Vilson Luiz, secretário de Finanças, destacaram a importância da participação do segmento no congresso e da defesa que a Central faz de bandeiras como valorização do trabalhador do campo, tanto de assalariados como agricultores familiares.
“Precisamos avançar muito em defesa dos direitos dos trabalhadores assalariados e agricultores, melhorando a renda e evitando o exôdo rural. Precisamos dar à nossa juventude a oportunidade de ficar no campo. Avançamos muito em diversos pontos, tais como na habitação rural, conquistada com muitas mobilizações como o Grito da Terra”, ressaltou.
Sérgio de Miranda revelou também o sentimento que os trabalhadores rurais têm pela CTB. “Nos sentimos muito bem dentro da CTB, essa Central que ajudamos a construir. Atualmente somos mais de 5 milhões de assalariados representados por sindicatos, federações e confederações rurais”, disse o dirigente.
A mesma opinião tem o secretário de Finanças da CTB. “Antes da CTB o campo não tinha essa valorização que tem hoje. Esse avanço que conquistamos até agora não é mérito do governo, mas da nossa luta, de termos ido para as ruas”, salientou Vilson Luiz, que lembrou ainda da situação dos assentados e da unificação da agenda do campo e da cidade para mudar a situação. “Não queremos disputar a cidade. Queremos ficar no campo, mas com qualidade, com uma infraestrutura básica. Para isso precisa de credito, saúde, educação, emprego”, revelou.
Para o tesoureiro da CTB, a Reforma Agrária é a saída para a reversão do cenário preocupante encontrado no campo. “É a reforma que vai absorver a mão de obra desses trabalhadores. O governo Dilma fez muito pouco. Essa é uma critica construtiva, para ajudar a consertar o governo. Porque esse modelo de hoje é voltado para o agronegócio. Por isso precisamos avançar com valorização do trabalhador”, argumentou Vilson.
Reforma Agrária Já!
Alberto Broch, presidente da Contag, considera ser impossível lutar isoladamente por um novo projeto de desenvolvimento agrário para o país. “Precisamos nos unir com os trabalhadores da cidade para ampliar a defesa de um projeto rural alternativo, sustentável, que valorize o trabalho e esteja em sintonia com a soberania alimentar”.
Ele lembrou que a revolução verde e o neoliberalismo criaram um modelo excludente de produção agrícola, que expulsou, a partir da década de 70 e início da década de 90, mais de 50% dos trabalhadores rurais para a cidade. É com base nesta realidade que a Contag quer debater qual o modelo de produção agrícola que queremos para o campo brasileiro.
Cinthia Ribas – Portal CTB