A Contag, juntamente com as organizações parceiras da Marcha das Margaridas e a Comissão Camponesa da Verdade, realizaram no auditório Margarida Alves, em Brasília, um ato em Memória de Margarida Maria Alves, cujo assassinato completou 30 anos em 12 de agosto. O Ato faz parte da Jornada das Margaridas 2013 e é uma oportunidade para homenagear Margarida Alves e a luta das mulheres por reforma agrária e justiça no campo, além de ser um momento para denunciar a impunidade e exigir justiça.
Para fazer um resgate sobre a história de Margarida, foram convidadas Ana Paula Romão de Souza Ferreira, historiadora, educadora popular e professora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e Maria da Soledade Leite, ex-presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande e ex-coordenadora do MMTR.
O Ato teve início com uma mística de abertura, quando mulheres representando as cinco regiões do Brasil entraram no auditório segurando velas e um retrato de Margarida Alves e leram mensagens que ao mesmo tempo homenageavam o legado da sindicalista e reafirmava a força e luta das mulheres trabalhadoras rurais.
Alberto Broch, presidente da CONTAG, disse que a Confederação “carrega no coração toda luta e vida de Margarida. Infelizmente, ainda não se fez justiça sobre este caso neste país”.
Ana Paula Romão contou um pouco sobre a história de vida da sindicalista e de como ela chegou ao sindicato de trabalhadores rurais. “Ela veio ao sindicato na condição mais feminina da época: como esposa. Começou como datilógrafa do sindicato e logo passou a se preocupar com a luta das mulheres”. Segundo a historiadora, Margarida é um exemplo de mulher e sua trajetória está ligada à luta por educação, pelas mulheres e por direitos trabalhistas.
Para Maria da Soledade, “falar da Margarida é voltar 30 anos no tempo, para um momento de dor, de tristeza, de luto e de saudade. É falar sobre aquele bárbaro assassinato, sobre a covardia daqueles latifundiários”. Soledade não apenas conheceu Margarida Alves como era sua companheira de luta. “Margarida lutava unicamente pelos direitos dos trabalhadores. Ela queria que o trabalhador tivesse seus direitos, sua carteira assinada, para que pudesse se aposentar. Ela lutava pelos direitos previdenciários, pela terra, pela reforma agrária”. Soledade cobrou justiça pela morte de Margarida. “Precisa ter justiça nessa terra, neste Brasil”. Entretanto, para ela a morte de Margarida não foi em vão. “Eles mataram um rosa, mas não derrubaram a roseira. As Margaridas brotaram com força e coragem”.
Segundo Alessandra Lunas, secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Contag, Margarida Alves é um legado. “É uma honra poder beber dessa fonte e energia de uma luta de tantos anos. Esse é o maior legado dela, essa força que hoje existe em cada um de nós para que possamos honrar sua morte.”
Fonte: Imprensa Contag / Júlia Grassetti