A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) vem a público manifestar sua indignação, revolta, tristeza e pesar por mais um crime envolvendo trabalhadores(as) rurais no estado do Mato Grosso. Nesse sábado, 16 de agosto, ocorreu um duplo homicídio no distrito de Guariba, município de Colniza/MT. As vítimas foram Josias Paulino de Castro, 54 anos, e sua esposa Ireni da Silva Castro, de 35 anos. Josias era o presidente da Associação “Aspronu” – Projeto Filinto Müller. O casal de trabalhadores rurais foi assassinado com vários disparos de arma de fogo calibre 9mm (arma de uso exclusivo das Forças Armadas).
Josias, como presidente da Associação “Aspronu”, lutava pela legalização das terras do Projeto Filinto Müller e denunciava as emissões irregulares de títulos definitivos dessa área em nome de fazendeiros e empresários da região. A partir dessas denúncias, cuja a última foi feita em 5 de agosto, durante reunião com o Ouvidor Agrário Nacional, Gercino José da Silva, Josias passou a ser alvo dos que queriam extrair madeira ilegalmente, de supostos políticos denunciados pelo presidente da associação, da Polícia Militar e do presidente do Instituto de Terras do Mato Grosso (Intermat).
Por várias vezes, nesta última reunião, Josias afirmou a existência de pistoleiros na região e afirmou, ainda, que nunca foram tomadas providências. “Estamos morrendo, somos ameaçados, o Governo do Mato Grosso é conivente, a PM de Guariba protege eles, o Governo Federal é omisso, será que eu vou ter que ser assassinado para que vocês acreditem e tomem providências”, disse Josias.
A CONTAG alerta as autoridades sobre o aumento da violência no campo contra trabalhadores e trabalhadoras rurais devido aos conflitos agrários. No último dia 13 de agosto, também no estado do Mato Grosso, foi assassinada Maria Lucia do Nascimento, assentada e ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de União do Sul. Portanto, a Confederação exige providências para punição dos responsáveis e proteção aos trabalhadores(as) rurais que continuam ameaçados. Josias, por exemplo, já havia solicitado proteção devido às ameaças recebidas. Até quando vamos continuar vendo os homens e mulheres do campo perdendo suas vidas por denunciarem irregularidades, agressões e por lutarem por direitos e uma vida melhor? Precisamos por um fim à impunidade no campo!
Exigimos proteção para os companheiros e companheiras que continuam na luta e uma investigação rápida para a punição, tanto dos executores quanto dos mandantes desse crime bárbaro.
Reafirmamos que a solução definitiva dos conflitos pela posse da terra é a realização de uma reforma agrária, ampla e massiva e capaz de democratizar a propriedade da terra e criar bases para a construção da mudança do atual modelo de desenvolvimento que é excludente, predatório, concentrador da terra, da renda e do poder por um modelo sustentável e solidário.
Brasília, 17 de agosto de 2014.
A Diretoria da CONTAG