Começa hoje, (16) em Brasília, a Marcha das Margaridas que tem como lema Desenvolvimento Sustentável com Justiça, Autonomia, Igualdade e Liberdade. De Minas Gerais seguem para Brasília, aproximadamente duas mil trabalhadoras rurais, mobilizadas pela Fetaemg. A Marcha é uma mobilização de trabalhadoras do campo de todo o país organizada pela Contag e suas 27 Federações, para reivindicar políticas públicas específicas para a categoria. Mais uma vez, as mulheres estarão nas ruas, em movimento, para protestar contra as desigualdades sociais, denunciar todas as formas de violência, exploração e dominação e avançar na construção da igualdade para as mulheres.
São sete eixos de reivindicações: biodiversidade e democratização dos recursos naturais; terra, água e agroecologia; soberania e segurança alimentar e nutricional; autonomia econômica, trabalho e renda; educação não sexista, sexualidade e violência; saúde e direitos reprodutivos e democracia, poder e participação política.
A expectativa, de acordo com a coordenadora Estadual de Mulheres Trabalhadoras Rurais/Fetaemg, Alaíde Lúcia Bagetto é de reunir em Brasília aproximadamente 100 mil trabalhadoras rurais e urbanas em Brasília. “Minas Gerais participa da Marcha no eixo de democracia e participação política. Todos os pontos de reivindicações da Marcha são importantes, mas eu considero terra, água e agroecologia pontos fundamentais.” Alaíde ainda enfatiza o tema violência contra as mulheres como fundamental nas negociações da Marcha das Margaridas.
Agenda: A manhã desta terça-feira, (16), foi reservada para as saudações às delegações, o lançamento da Campanha contra os Agrotóxicos, sete oficinas temáticas, que abordarão assuntos de interesse da mulher rural e dois painéis sobre desenvolvimento sustentável. À tarde haverá visitação à mostra de artesanato e à noite, show da cantora Margareth Menezes, além de apresentações culturas.
E não é apenas dentro do Pavilhão do Parque que as atividades acontecem. A Contag e representantes das Federações estaduais participam nesta terça-feira, às 10h, na Câmara dos Deputados, de sessão Solene em homenagem à Marcha das Margaridas. O ato faz parte da programação da Marcha 2011 que acontece em Brasília até o dia quarta-feira (17). “A manifestação no Congresso é mais um ponto da nossa luta para denunciar as diversas formas de exclusão e violência contra as mulheres do Campo e da Floresta”, afirma Carmen Foro, secretaria de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Contag.
Após a sessão solene, acontece no Hall da Taquigrafia da Câmara a abertura da mostra fotográfica “Mulheres do Campo e da Floresta Tecem Novo Amanhecer”. A abertura conta com ato político de entrega da pauta de reivindicações ao Congresso Nacional, com a presença da atriz Letícia Sabatella, engajada na ONG Humanos Direitos.
Homenagem a Margarida Alves
A Marcha das Margaridas recebeu esse nome em homenagem a
Margarida Alves- um grande símbolo da luta das mulheres por terra, trabalho, igualdade, justiça e dignidade. Rompeu com padrões tradicionais de gênero ao ocupar por 12 anos a presidência do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alagoa Grande, estado da Paraíba. À frente do sindicato fundou o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural. A sua trajetória sindical foi marcada pela luta contra a exploração, pelos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, contra o analfabetismo e pela reforma agrária. Margarida Alves foi brutalmente assassinada pelos usineiros da Paraíba em 12 de agosto de 1983.