Com um auditório lotado, teve início nesta quinta-feira (9), em Belo Horizonte, o lançamento da Marcha das Margaridas. A iniciativa tem como objetivo pontuar ações que serão desenvolvidas pelas mulheres rurais de Minas Gerais no processo de construção das reivindicações para Marcha, além de fortalecer e ampliar a organização das mulheres. “A nossa proposta é fazer com que todo o Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras de Minas Gerais faça parte desse processo, participando não só da Marcha em Brasília, mas da construção da pauta de reivindicações que será apresentada aos governos. A nossa intenção é também iniciar um diálogo com o Governo do Estado, já que precisamos avançar em algumas questões, como por exemplo, a implantação do Fórum Estadual de Enfrentamento à Violência contra a Mulher”, destaca a coordenadora da Comissão Estadual de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Fetaemg, Alaíde Bagetto.
Durante a abertura da solenidade, o presidente da Fetaemg, Vilson Luiz da Silva, destacou os avanços conquistados pelas mulheres, graças à sua organização. Porém, segundo o presidente, ainda é preciso avançar no combate à violência contra a mulher, que hoje ainda persiste. Vilson afirma que o lançamento da Marcha das Margaridas em Minas é o momento para apresentar as demandas das mulheres rurais, seja na questão da violência como também na conquista de políticas públicas específicas para a categoria. “Esse encontro aqui em Belo Horizonte é uma preparação para uma grande caminhada que vai acontecer em Brasília, em agosto, quando as mulheres terão a oportunidade de reivindicar ao Governo Federal melhores condições de vida”, afirma o presidente.
Após a abertura do evento, as 12 coordenadoras Regionais de Mulheres em Minas Gerais apresentaram o processo de mobilização e formação de base para a Marcha das Margaridas, apresentando os desafios e as estratégias para garantir a participação das trabalhadoras na Marcha.
Em seguida, a secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Contag, Alessandra Lunas, apresentou um painel sobre a conjuntura política no país, relacionando a Marcha das Margaridas à atual conjuntura e apontando os desafios impostos ao Movimento Sindical. A secretária ressalta que apesar da pauta de reinvindicações da Marcha ainda estar no processo de construção, já é possível perceber que a violência contra a mulher continua sendo uma grande questão, infelizmente. Lunas afirma ainda que é necessário rever a política agrícola para as mulheres. “Não adianta mais discutir crédito. É preciso discutir outra modalidade política que atenda às trabalhadoras, o que não acontece na maioria dos grupos informais. Temos então, que abrir outras frentes de diálogo”, argumenta.
Apesar dos grandes desafios que ainda precisam ser superados, Alessandra Lunas afirma que ao longo das cinco edições da Marcha das Margaridas, as trabalhadoras tiveram significativas conquistas, a exemplo das Unidades Móveis de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, mesmo que em alguns municípios, como em Minas Gerais, ainda não tenha sido implantado o Fórum de Enfrentamento à Violência contra a Mulher. A secretária cita ainda a titulação conjunta da terra, sendo que atualmente mais de 70% dos títulos da terra no país estão em nome do casal. Outra conquista foi a campanha de documentação para a mulher rural, que permitiu às trabalhadoras terem seus documentos para garantir, principalmente, o acesso às políticas públicas.
O momento do lançamento da Marcha em Minas Gerais foi marcado pela entrega da pauta de reinvindicações aos representantes do governo do estado. Nesta pauta, a coordenadora da Comissão Estadual de Mulheres Trabalhadoras Rurais/Fetaemg, Alaíde Bagetto, destaca a reinvindicação para que seja implantado o Fórum Estadual de Política de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, o que, segundo Bagetto, será um passo importante no combate a todas as formas de intimidação à mulher.