O “Seminário Internacional sobre a Violência no Campo – Cenários, Vítimas e Agressores” teve início hoje (04/03) pela manhã, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. O seminário é realizado pela UITA, COPROFAM, e CONTAG, em paralelo ao credenciamento das delegações que participarão do 11º Congresso Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (CNTTR), que acontece de 4 a 8 de março, em Brasília. Já estão confirmados convidados de países como Colômbia, Guatemala, Paraguai, Nicarágua, Chile. Essa atividade marca a retomada da Campanha Mundial contra a Violência no Campo e a construção de uma agenda conjunta entre os países e organizações sociais.
O momento mais esperado do seminário será a construção, aprovação e leitura da Carta Aberta, que será um instrumento de pressão e diálogo com os governos e sociedade civil e de proposição de políticas públicas que visam diminuir os conflitos no meio rural. Neste seminário estarão em pauta: as diversas formas de violência contra os assalariados e assalariadas rurais e seus direitos; trabalho escravo e precarização das relações de trabalho; e a violência no campo relacionada à disputa pela terra e o território.
Segundo a vice-presidente e secretária de Relações Internacionais da CONTAG, Alessandra Lunas, o Brasil chama atenção nesse momento para estas questões apresentadas. “O objetivo do seminário é ouvir os parceiros, convidados e organizações, e realizar um debate sobre a conjuntura, tanto a nível nacional, regional e internacional”, diz. “Estamos instalando a Comissão do Direito à Verdade e à Memória Camponesa, pois ainda lutamos por crimes do tempo da ditadura. Hoje, o cenário não é diferente, estamos vivendo momentos tão violentos quanto os que nós vivemos no tempo da ditadura, com expulsões de famílias no campo e assassinatos de lideranças. Isso é muito forte em nossos estados e é por isso que precisamos chamar a atenção para este debate e discutir estratégias conjuntas sobre o tema,” pontua.
Já Willian Clementino, secretário de Política Agrária da CONTAG, que faz parte da equipe organizadora do seminário, fala que a violência no campo é marcada em vários países da América Latina e do mundo. “O nosso desafio é discutir os direitos humanos e sociais do trabalhador e assalariado em nosso país, que tem se submetido à força do agronegócio e violentados em seus direitos, punidos com a exploração escrava. Vamos lançar e resgatar a campanha neste seminário, como também dialogar com outros países e a sociedade”, fala. “Precisamos construir uma estratégia e, conjuntamente com esses países, ocupar espaços como a REAF, Bloco do Mercosul e incidir para mudar estas práticas, avançar em políticas públicas que efetivamente evitem o avanço dessa prática do agronegócio, independente de ser assentado da reforma agrária, agricultor familiar ou assalariado rural”, explica.
O Seminário Internacional sobre Violência no Campo – Cenários, Vítimas e Agressores, tem a presença de trabalhadores de todas as regiões brasileiras, com depoimentos e suas realidades da violência no campo. O intuito é de evidenciar as histórias e de alertar os trabalhadores e as trabalhadoras sobre a exploração da mão-de-obra, imigração, escravidão, violência e violação dos seus direitos.
Informações: Assessoria de Comunicação/Contag