A força de MG na agricultura familiar.

O Brasil sempre se destacou no cenário nacional pela sua grande capacidade como produtor de alimentos. O que boa parte da população desconhece é que essa produção está ancorada na agricultura familiar, que, apesar de ser um segmento antigo, até há pouco tempo, caminhou em passos tímidos. Nos dias atuais, com subsídios e incentivos do Governo, o segmento está sendo reformulado e em franco crescimento. O que servia apenas para subsistência da família tornou-se uma opção de negócios, gerando renda, emprego e abrindo novos mercados para pequenos e médios agricultores.

O setor já é responsável por mais de 70% dos empregos gerados no campo, contribuindo para a diminuição do êxodo rural, o que permite que as famílias se fixem no campo com mais qualidade de vida. A estrutura segue um sistema simples, com a administração e a mão-de-obra a cargo dos membros da família, tendo uma unidade de produção e consumo. As práticas produtivas visam à preservação do meio ambiente, com diversificação de cultivos e processos mais artesanais, sem o uso de agrotóxicos ou conservantes. Isso faz com que os alimentos que chegam às nossas mesas tenham mais qualidade e sanidade. Alguns produtos como mandioca, feijão e milho, por exemplo, já representam mais de 50% da produção advinda da agricultura familiar.

Minas Gerais tem um papel de grande destaque no cenário nacional. Representa o segundo Estado com maior concentração de estabelecimentos familiares produtivos, no total de 10%, perdendo apenas para Bahia (15%). Além disso, Minas conta com uma variedade de produtos como milho, doces, cachaças, leite e seus derivados, que já são tradicionais no mercado, e outros que já começam a ganhar representatividade como o arroz, café, mandioca e derivados. A horticultura também começa a mostrar sua força, abastecendo desde pequenos mercados a grandes distribuidores como o Ceasa.

Todo esse crescimento da agricultura familiar mineira e nacional se deve principalmente a projetos de incentivo do governo, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Essas ações auxiliam a ampliação do cultivo e a compra dos produtos de famílias agricultoras. Temos que comemorar os incentivos que o setor vem recebendo, principalmente nesta safra de 2010/2011, em que registramos cerca de R$ 16 bilhões, vindos do Pronaf. No entanto, há muito ainda a ser feito.  É preciso definir estratégias de desenvolvimento rural que priorizem o fortalecimento e a expansão das cadeias produtivas; criar sistemas de organização e armazenamento da produção, utilizando novas tecnologias e auxiliando os agricultores nas suas atividades rotineiras; além de melhoria das estradas, que são as formas de escoamento da produção.

Outro fator importantíssimo é a divulgação desses produtos para o mercado consumidor. Precisamos incentivar os eventos que dão destaque e possibilitem a esses pequenos produtores divulgar a qualidade e diferenciais de seus produtos em relação à produção em grande escala. A divulgação é a melhor forma de conquistar novos mercados, possibilitando que os produtos extrapolem as fronteiras estaduais e internacionais.  Em Belo Horizonte, temos a  Feira de Agricultura Familiar (AgriMinas),  importante evento para fomento das atividades do setor que é promovido pela Fetaemg e já está em sua quinta edição.

Vilson Luiz da Silva*
Presidente da Fetae